domingo, 14 de agosto de 2016

Diga-me com quem tu andas...que te direi quem és.

Diga-me com quem tu andas...Que te direi quem és.

Foi naquela peregrinagem  de volta à minha terra natal, que conheci aquela mulher.
Ela e seu cachorro habitavam no apartamento ao meu lado no residencial da ilha do paraíso.
Sabemos que tudo é energia, e que esta mesma energia se transforma, que não existem espaços vazios, nem distâncias, quando nos relacionamos com amigos nos tempos da internet. Tudo é Skype, FaceTime, Messenger ou WhatsApp.
Mas ...nada se iguala ao testemunho silencioso das nossas ações...
O dia à dia.
E a mais perigosa e deliciosa das artes.
O convívio.
No tempo em que crescemos no seio de nossas famílias, aprendemos as primeiras lições do nosso dileto amigo convívio.
De adultos moramos em repúblicas, com nossos parceiros/as amorosos, maridos e esposas, filhos.
Das verdades que não se escondem, também convivemos anos com o vizinho, e a experiência acontece sem palavras - o dileto convívio entrega seus louros ou seu lodo sem exceções.
Algumas amizades se arruínam no convívio, outros só nascem do convívio.
Com a vizinha na ilha do paraíso, nasceu do convívio, em meio a morte de outra amizade que suicidou-se no convívio.
Fascinante nas horas em que estamos beijando o chão, conseguimos olhar para o lado e enxergar as flores do caminho.
Existem pessoas que têm uma autodestrutividade encoberta pela faxada do cultivo, mas desgraçadamente, quando a bomba implode voam cacos para todos lados, acertando todos em volta.
Através do convívio, claro, nosso dileto amigo, derrubador de máscaras e polidos cultivos espiritualizados.
A despedida de uma amizade que durou mais que qualquer relação em nossas vidas, dói muito, mas é liberador constatar o peso e o espaço livre que emergem de tanta história.
Abre lugar para muitas outras possibilidades.
Possibilidades de convívio pacífico, harmonioso, sem floreios, internetes, WhatsApp e FaceTime, nem mundinhos extraterrenos, mas ali:
no silêncio cheio de som de madrugadas insones,
no dia a dia do mercado, da camaradagem de sábados nublados com algumas latas de cerveja, a ajuda inesperada com o filho, que jamais deixaríamos em qualquer companhia, a boa vontade de trilhar os passos no paraíso da ilha, uma alegria de riso fácil e solto, uma leveza muito almejada.
A vizinha.
Corajosa mulher que conseguiu mestrar seus apegos, deixando suas raízes e saindo ganhar mundo para viver seus sonhos.
Ela inspira com sua coragem e simplicidade, mesmo sendo um ser humano complexo.
Inspira com sua audácia de viver plenamente o que deseja.
Quantos só sonham, falam em viver seu sonho?
Ou passam anos atormentando os que amam com sua insatisfação?
Meu pai era assim.
O tempo que viveu conosco - foi sonhando em viver em algum lugar de calor na praia, mas de forma amarga, rancorosa.
Deixando um rastro de veneno aonde estava.
Ele ainda não mora na praia e no calor.
Vai deixar essa vida tendo-se  implantado essa se-mente.
A vizinha já criou seu filho para o mundo, separou-se do esposo sem deixar metade, dos negócios herdou a honra de viver como vive.
Abundantemente independente, sonha com ganhar chão até embarcar na grande viagem final.
E é só quem tem muito no coração que pode doar aos próximos, pois entendeu que quando ajudamos ao lado, também ajudamos aos que estão separados de nós pela distância física.
Ela me mostrou que quando nossa vibração muda...
O fluxo da abundância, o palco da vida, tudo se transforma.
Sem teoria, texto canalizado, nada.
Inspirou sendo a mudança que deseja, e trabalhando com alegria no dia a dia pelo que está por chegar.
Vivendo.
Algumas pessoas saem do palco de nossas vidas, fazendo- nos o favor de se afogar em suas próprias palavras vazias - ficam lá...nos observando daquela janela de realidade que escolheram viver.
Dor aparte, a chegada de novos amigos é a chuva no deserto imenso da queimada,
o sal da terra que faz nascer novas esperanças no horizonte de atrair para si mesmo cada vez mais o que somos.
Pois nossos amigos são o reflexo de quem somos.
Já não dizia sua avó?
Diga-me com quem tu andas.
E te direi quem és.

Lótus,
EU SOU
Noeli Naima


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